sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Liberdade maior


Liberdade maior

Walnize Carvalho

Queria ser livre
Correr mundos
Viver!...
Até que um dia
(que dia!)
Uma ventania de fim de tarde
Satisfez
O seu desejo.
Que felicidade!
Nos braços do vento
Foi em busca
Da vida sonhada
Da viva
Somente vivida
Pelos passarinhos
Que vinham pousar na árvore em que morava.

E
Lá se foi ela.
Feliz
Correu quintais
Atravessou muros
Percorreu quintais...

Até que...
Um vento maroto
A fez cair
No rio que cortava a cidade.
Levada pelas águas
Se foi para
um mundo
liberto
um mundo
distante
pra não mais voltar..

-Esta é a história de uma folhinha que um dia se foi da árvore do meu quintal.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Manhã em Flor



Nossa amiga Jane Nunes propôs e nós acatamos sem hesitar. Para o aniversário da Walnize uma blogagem coletiva.

Para quem semeia poesia na bagunça do dia-a-dia desejamos um dia florido como seu sorriso...

Dos seus amigos do Sociedade Blog, Estou Procurando o que Fazer, Quarto de Segredos, Sabor e Histórias e Blog do Núcleo.

“Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!”

Florbela Espanca



Outono, inverno, verão, primavera na vida. Longe de essa ser uma digressão climática, mas uma reflexão de vida com um V maiúsculo.

Sempre ouvimos a expressão “flor da idade” em relação à juventude, aos nossos vinte anos. Será essa a primavera florida da vida? Pode ser até que seja para alguns, mas acho difícil.

Acho que os vinte anos são os nossos verões: tumultuados, intensos, sufocantes e tempestuosos. Penso em primavera como algo muito mais aconchegante, suave, sereno, doce, florido, quente, mas sem sufocar, ensolarado, mas sem queimar.

Primavera entra na vida devagar, com sua luz pelas frestas das janelas, por vezes ainda fechadas. Sutilmente espalha o sol das manhãs sem ofuscar os olhos e traz um sopro de vida pra dentro da penumbra.

Na primavera há lugar para brisas e ventos fortes, calor e friozinho (na barriga), insônias (sonhos de olhos abertos) e sonos tranqüilos. Nessa estação há lugar para muita coisa, mas tudo mais natural, como o rio em seu inexorável caminho para o mar...

Texto de Ana Paula Motta

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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Vida de artista


Vida de artista

Walnize Carvalho



A menina usa maquiagem
Pensa que é modelo.

A senhora veste minissaia
Julga ser atriz.

O menino capricha no modelito
Se acha o galã das oito.

O senhor pinta o cabelo
Se diz jovem de quarenta.

O jovem adormece com ipod no ouvido
Demonstra cansaço e tédio.

O velho ouve som alto no carro
Se sente moderno.

O homem veste roupa de etiqueta
Supõe ter poder.

A mulher compra bolsa falsificada
Crê poder ter.

O adulto brinca de vídeo game
Acredita ser criança.

A criança fala em política
Imagina ser adulto.

E no melhor estilo de Pirandello
“Assim é, se lhe parece”...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Tarde de Sábado


Tarde de sábado


Walnize Carvalho

Naquela tarde de sábado
Sábado ausente em distância
Sábado presente em pensamento
Eu queria
Ter ouvido tocar o telefone
- tocar uma única vez.

Eu queria
Atender com aquele “alô”
Apagado
Sem calor
E
Ouvir do outro lado
Aquele “alô”
Vivo
Animador.

Naquela tarde de sábado
Os minutos
As horas
Se passaram...

Esperei
Ouvir sua voz
Esperei tanto
Para lhe dizer
Das coisas velhas
Das coisas novas
Da coisa eterna: o meu Amor

Eu queria tanto...

Mas
Aquela tarde de sábado
Fez do sábado
Um sábado qualquer.

E da espera de ouvir
A espera de esperar...

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Noite de luar


Noite de luar

Walnize Carvalho






Noite de luar
Minh’alma
Uma noite sem luar.

Ônibus vão
Ônibus vêm
Vazios de você.

Uma criança ri.
Ri pra mim
Ou
De mim?

Saudade de você
Seu riso, seu sério, seu tudo
Invadem meu ser.

Lágrimas irmãs.

Lá fora noite de luar.
Cá dentro,
Solidão.