sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Quadro

Walnize Carvalho

Entro sem pressa e sem fome no restaurante.
 Comida à peso, mas requintada.
Música ambiente, garçons solícitos, ar refrigerado.
Sem peso na consciência, arrumo o prato de forma harmoniosa e colorida.
A louça branca mais parece uma palheta de pintor.
A cada canto, iguarias em tons vivos e variados.
Fico a olhar a refeição com receio até de tocá-la dada a beleza.
À primeira garfada sinto-me uma pintora, pois ao levantar o talher trago no gesto um toque de leveza ,sugestionada talvez, pela melodia suave que ajuda no desenho imaginário.
Olho para frente.
Na posição em que estou sentada visualizo a rua através do enorme vidro transparente do salão
Vi diante dos meus olhos a movimentação de transeuntes, carros e motos; pessoas na loja em frente, outras conversando na calçada...
E passo a pintar um quadro móvel.
 Levanto-me
.Pago a refeição.
Vou me integrar ao cenário do dia a dia.
  Ao sair, avisto na sarjeta um garoto à espera de um trocado: A rubrica de um quadro real das cidades.