quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Alma de Natal

Walnize Carvalho
 
     O sol acordara cedo e cheio de disposição, já mostrava o seu brilho.
  Saí de casa, em direção ao centro da cidade, a fim de assumir compromissos diários: idas a Banco, farmácia, Casa lotérica e... outros afazeres.
Mesmo que, munida de protetor solar, tentava me esquivar dos raios ultravioletas do sol, à procura de sombra.
  Caminhava ora beirando muros e sacadas ora sob árvores espaçadas ao longo do trajeto.
Pela movimentação mais intensa no comércio e observando a profusão de cores e brilhos, me dei conta de que já estávamos em pleno mês de dezembro, daí o motivo da cidade já se encontrar enfeitada para o Natal.
De repente, avistei na entrada de um estabelecimento comercial um Papai Noel solitário. Ele e a sua tradicional vestimenta vermelha, suas botas pretas, sua imensa barba branca, o saco de brinquedos nas costas, um sino dourado em uma das mãos (cobertas de luvas brancas) e a sua conhecida saudação:”:Ho! Ho! Ho!...
       Confesso que me assustei ao vê-lo postado na porta de uma loja naquela manhã.
Mas... por que do espanto se ele é uma figura afável, carismática, tem ares de bonachão e carrega sempre um sorriso doce nos lábios? Na verdade, não contava que ele já estivesse de volta. Aguardava revê-lo mais para o fim do mês, como antigamente. Doce nostalgia...
Dei de ombros e, pensei ironicamente: por certo, deve ter trocado seu tradicional meio de transporte (trenó) e prevendo caos nos aeroportos ou engarrafamentos nas estradas, optou por precaver-se; contratar um jatinho particular e assim, antecipar sua visita anual. Tempos modernos!...
Segui pensando as repetidas palavras que trocamos com as pessoas que encontramos no dia-a-dia, especialmente a cada fim de ano: - Nossa!... Como o tempo passa depressa! - O ano já está indo embora... De repente, já é Natal! - Ainda não comprei os presentes! - Não sei o que presentear meu amigo oculto!
Mergulhada em divagações atravessei a rua, quando fui despertada pela buzina de um carro que alertava sobre o sinal luminoso.
Refeita do susto, visualizei fatos que vivenciamos cotidianamente e, que apesar de já se tornarem corriqueiros, sempre nos causam surpresa e nos surpreendem.
Absorvida em meus pensamentos, entro em uma farmácia e bem na entrada, diante dos meus olhos, deparo com caixas de sabonetes empilhadas. Exalavam perfume e saudade.
Ao ver escrito na embalagem: “Alma de flores” me lembrei de natais distantes e do carinho e espontaneidade de querida tia (Vivi), que por essas ocasiões, me aguardava em sua casa, com a referida caixa de presente e a recomendação: - É só uma lembrancinha! E concluía : Para você não se esquecer de mim!
É, saudosa tia!... Não a esqueci, como também do pinheirinho no canto da sala coberto de algodão, simbolizando neve; dos cartões natalinos escritos a mão entre outras doces lembranças...
Sequei a lágrima furtiva e segui meu caminho.
Naquela manhã, a verdadeira alma de Natal invadiu o meu ser...