sexta-feira, 29 de abril de 2011

Princesa de apartamento


Walnize Carvalho

“Era uma vez, em terras distantes, um pequeno reino cheio de paz, prosperidade e rico em lendas e tradições...” E segue a história extraída de um grosso livro de capa marrom e letras douradas.
A menininha que a tudo ouve e a tudo vê dá um salto do sofá e vai em busca do traje que a avó irá vesti-la.
Desta feita, enquanto assiste no DVD “Cinderela” – um dos mais belos contos de fada – a vestimenta lhe é cuidadosamente colocada: vestido azul de saias rodadas, luvas de cetim e (como não pode faltar) a coroa dourada na cabeça.
Entre rodopios e atenções às cenas de tevê, a bela princesa ri, gesticula e cantarola.
Seus olhinhos brilham enquanto aos poucos os de casa vão assumindo os papéis que ela determina: o rei, a rainha, a fada madrinha, o príncipe...
A um canto o cavalinho de pau parece que ensaia um galope enquanto a cadeira da sala de jantar está prestes a se transformar em uma suntuosa carruagem.
De repente, o apartamento do sexto andar se torna o mais luxuoso castelo, onde imaginários lustres e escadarias cobertas de tapetes vermelhos compõem o ambiente de pura magia.
Nem mesmo o som de uma freada brusca de carro na rua consegue suplantar a música encantada que ecoa no “palácio”: “Cinderela, Cinderela o seu nome é uma canção/ Cinderela deixa o coração voar/ E assim poderá realizar/ O seu sonho encantador...”
A princesa do apartamento (que hoje completa três anos) reina em seu mundo à parte.
Por alguns minutos senta-se e emudece.
Fixa o olhar nas cenas que se sucedem: meia-noite. A princesa desce correndo as escadarias. A perda do sapatinho de cristal. A abóbora. As vestes rotas. O encanto desfeito.
A campainha toca.
A menininha cheia de entusiasmo grita: - É o príncipe! E abraçando o pai (que traz nas mãos uma caixinha de presente) lança a pergunta: - Você trouxe o sapatinho de cristal?
Risos. Afagos.
Na tela da tevê a cena final: a carruagem segue levando o príncipe e princesa...
... “E foram felizes para sempre”.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Novamente



Walnize Carvalho

O Valor das Palavras
O enorme valor do prefixo RE.
Em tempo de RESSURREIÇÃO, vale REFLETIR. Que tal?

REcitar um poema?
REdescobrir um caminho?
REatar uma amizade?
REver um amigo?

REalçar um sorriso?
REacender uma paixão?
REcontar uma história?
REconquistar um afeto?

REpensar a solidão?
REler um bom livro?
REciclar uma idéia?
RElembrar a infância?

REfazer um trajeto?
REtribuir um gesto?
REaprender com o idoso?
REviver uma emoção?

REencontrar a si mesmo...

“REinventar a VIDA?”

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Busca


Walnize


Eu busco um sorriso

Sorriso puro

Que não seja um riso só.

Eu busco um canto

Um canto igual Canto de paz.

Eu busco no Tempo

meu tempo Sem tempo de voltar.

Eu busco um olhar

Olhar criança

Olhar esperança.

Eu busco o AMOR

O Igual

A Paz

E muito mais!

Eu busco um céu

Onde brilhem estrelas

De todas as cores De todas as luzes

De todas as raças

E que reunidas

Só tenha o tom:

IGUALDADE.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Desarmamento


Walnize Carvalho

No bangue-bangue da Vida/ é preciso .../ desarmar corações empedernidos/ combater conceitos preconcebidos/ distribuir balas de puro mel/ limpar da boca amargo fel/ desconsiderar algo sem relevância/ desatar nós de ignorância/ cultuar a fraternidade/ defender a liberdade/ desfraldar sorrisos ao vento/ viver o fugaz momento/ decorar um poema bonito/ desprender de enfadonho rito/ desmistificar que é “dono da verdade”/ soltar “a criança” em qualquer idade/ reverenciar o sonhador/ acreditar no Amor/ desenraizar a amargura/ exercitar a ternura/ conservar a calma/ desenferrujar a alma ...
E
armar-se de boa dose de ânimo/ para enfrentar a batalha do cotidiano.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

"Primeiro de abril- seu pai caiu, sua mãe não viu!"


Walnize Carvalho

Já vai de longa data (e bota tempo nisso) que o Primeiro de Abril é considerado o dia da Mentira.
Sempre fui sabedora de que se trata de um dia em que se prega uma peça em alguém a título de gracejo.
Em minha memória cinqüentona há registros e registros de brincadeiras que eu fazia e que faziam comigo nesta data,( "hoje não tem aula"; "Seu zé da venda está distribuindo balas":"mamãe tá te chamando!"... ) sempre arrematadas pela seqüência de palavras: “Primeiro de Abril – seu pai caiu, sua mãe não viu”.
Os tempos mudaram e a data transformou em um acabar sem fim de relatos inofensivos, outros maldosos, que vão desde convites para casamento de pessoas que nem se conhecem, convocações para falsas reuniões, como as pregadas na imprensa nacional e mundial a título de confundir a opinião pública.
Prefiro deter-me em “pegadinhas” com sabor de descontração, mas sabendo que manifestações folclóricas serão sempre eternizadas no mundo inteiro.