Walnize Carvalho
Acordou com vontade de trazê-la de volta.Nem que fosse por algumas horas.
Levantou-se da cama.Cabelos em desalinho.Lençóis com as marcas do seu corpo (deixaria tudo para acertar depois)
Procurou no guarda-roupa um vestido branco, próprio para o dia de primavera com ares de verão.
Enquanto amarrava o laço de fita na cintura (ele tinha um laço de fita cor de rosa) lembrou-se que em criança tinha um anel de chapinha.
Nele impressas as iniciais do seu nome.
Lembrou-se também da caixinha em que guardava o mesmo: caixa de veludo azul, onde apertando ficavam as marcas dos dedos.
Saiu à rua com a idéia bailando em sua mente: “vontade de trazê-la de volta...”
Seguiu até a feira do Mercado Municipal.
Comprou uma cesta de cajus fresquinhos.
Trouxe para casa. Na cestinha (achava linda, sentiu-se a própria chapeuzinho vermelho)...
Entrou.
Foi à pia.Lavou algumas frutas.Como uma menina levada sentou-se no umbral da porta da cozinha.
Saboreou os cajus displicentemente.
No vestido branco, as nódoas trouxeram afinal, a sua infância devolta.
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