quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Marolas


Walnize Carvalho

É manhãzinha.
À beira mar observo as marolas. O ir e vir das ondinhas parece um balé sincronizado da Natureza. Uma sensação nostálgica e ao mesmo tempo prazerosa me invade.
  Constato que uma coisa é viajar no imaginário, entrar no túnel do tempo e resgatar lembranças; outra é voltar ao velho cenário e sentir na pele, olhos e coração o passado-presente.
É que retorno em mais um verão à casa da infância e adolescência.
 A presença das netas(Giulia,Clara e Valentina) me fazem rever “tudo de novo” com ares saudosistas. Bom estar com elas, que curtem férias no lugar onde, em tempos idos, também desfrutei do descanso escolar. Que, aliás, de descanso não tinha e nem tem nada, uma vez que haja fôlego para aguentar e muita energia para gastar.
 Agora, na plateia, estou na primeira fila assistindo e aplaudindo as meninas. Gestos largos e alegria incontida... É o teatro da Vida.
  Surgem novas amizades.
  Não faltam disputas no espelho, troca de roupa a toda hora, cochichos e gargalhadas confrontando-se a cada minuto.
Como também idas e vindas ao vôlei, à sorveteria e à casa de amigas.
  E tome festa improvisada, mesada acabada e a grana que você dá sempre um jeitinho de arrumar para compra de algo novo que aparece, pois elas vêm em seu socorro, sem querer importunar os pais. Sem contar com as perguntas que interrompem a sua leitura na rede: - Vó! Fiquei bem com este vestido? A sandália está combinando?
E as reclamações que atrapalham a sua sesta: - Meu cabelo está uma droga! Meu biquíni ainda não secou!
A gente tenta esboçar sentimento: “Vamos conversar um pouco?” ou cercar-se de argumento: “Tome um leite ou um suco!”.
Mas, elas saem em disparada, pois não têm tempo a perder.
  Retornam da caminhada no Calçadão e comunicam: - Já comemos uns sandubas no quiosque com as amigas (estas cujos pais brincavam outrora com meus filhos).
Trocam as roupas molhadas e decretam: - Vamos assistir DVD na casa de uma colega.
  Só me resta ficar ali, mergulhada em meus pensamentos, buscando no tempo, meu tempo, sem tempo de voltar...
 Logo brotam um sorriso no canto de minha boca e uma lágrima furtiva em meus olhos.
Ao longe, o barulho do mar me atrai.
Atendo ao chamamento e vou ao seu encontro.
  Na areia, pés descalços posto-me em frente ao majestoso gigante e bendigo a dádiva de ainda estar por aqui para saudá-lo mais uma vez!

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