sábado, 9 de março de 2013

Uma rosa em segredo


Walnize Carvalho

A mulher passava pela rua quando deparou com uma manifestação popular. Bem diferente de gritos exaltados havia cantoria que se misturava com orações, palavras afetuosas e...distribuição de rosas.
Rosas vermelhas.
Timidamente, aproximou-se do grupo e se deu conta que se tratava da comemoração do “Dia internacional da Mulher”.
Ficou por ali calada e emocionada quando um dos manifestantes aproximou-se dela e lhe entregou uma rosa.
Rosa vermelha.
Ruborizada, mas feliz fez o trajeto de casa carregando o mimo nas mãos como quem carrega algo precioso e frágil.
 E era frágil.
 Era uma rosa.
 Uma rosa vermelha.
 E era preciosa, pois não se recorda dia algum em que levava em mãos oferta tão significativa. Visivelmente envaidecida, aspirava de minuto a minuto o belo presente.
Quase chegando à casa, uma dúvida misturada com angústia povoaram seu pensamento: Como abrir a porta da sala e deparar com seu marido ( que por certo estaria lendo os jornais) com a rosa vermelha vistosa e perfumada, sem que ele a olhasse com espanto e a enchesse de perguntas quebrando todo o encantamento?
Preferiu entrar pela portas dos fundos e no quartinho dos fundos acomodou “sua menina” no primeiro recipiente que encontrou.
Buscou água para regá-la e dia após dia cumpria o prazeroso ritual de ir visitá-la para inebriar-se com o seu perfume...
Até que ,numa manhã, o marido anunciou viagem de negócios.
A mulher correu a um só fôlego para o cômodo onde trazia prisioneira, a rosa.
A rosa vermelha.
Planejava colocá-la numa jarra bem bonita no centro da mesa da sala onde ela iria, afinal, exalar sua fragrância reinando absoluta sem pudor e questionamento.
O que encontrou foi sua rosa desfalecida, despetalada .
Com lágrima nos olhos recolheu as pétalas já não mais vermelhas (em tom rubi )e levemente ressecadas, mas que ainda exalava um pouco do perfume do “primeiro encontro”.
Buscou um livro na estante e nele depositou as fragmentos de ternura.

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