sexta-feira, 24 de junho de 2011

De mãos dadas com a alegria


Walnize Carvalho

Estamos em plena temporada das festividades juninas.E tudo gira em torno destes santos milagrosos:Santo Antônio (13/06),São João (24/06)- hoje- e São José ( 29/06). Eu falei juninas? Pois de há muito mudaram (com raras exceções daqueles que ainda conservam-nas no referido mês e respectivas datas) para julho( julhinas) e até agosto (agostinas) !...
Mesmo assim,percebe-se que o povo é festeiro e mais do que isso, devoto. Os arraiás estão montados; as barraquinhas devidamente decoradas e com toda sorte de variados quitutes: broas de milho, cocadas, pamonhas ,quentões...
Apesar de tempos apressados e modernos sempre tem os que cultuam a tradição desta festividade, tão arraigada em nossa cultura.Isto é sempre um bom sinal.
Observo, no entanto, que há certas formas de comemorações que fogem dos padrões destes festejos.
Sempre aparece alguém que exagera em jeitos e trejeitos que não condizem com os modos do genuíno caipira, parecendo uma caricatura. E – convenhamos- tal atitude acaba por ridicularizar a si mesmo.
Não raro, há também nos trajes uma acentuada disparidade. Enquanto alguns se vestem de forma rota e desgastada, simbolizando pobreza, outros também confundem a indumentária. O que se vê são homens de botas de couro e coletes de franja imitando caubóis norte-americanos e mulheres de roupas de seda e cetim parecendo sinhazinhas extraídas dos romances de José de Alencar. Uma expressão, sem propósito, de suntuosidade.
É lamentável que pouco restou da autenticidade (principalmente nos grandes centros).Até as simples faixas amarradas em postes das cidades viraram chamadas para o “evento” em propagandas do tipo: “A gente comemora a temporada de São João com alegria do folião no Carnaval.” ou “O melhor do hip hop no nosso Arraiá.”.E nestes acontecimentos a presença de modelos, artistas globais, ex big brothers e outros notórios posam de “donos da festa”.
Ainda bem que nos bairros periféricos, distritos e cidades de porte médio os santos homenageados – Santo Antônio, São João e São Pedro – são lembrados com as tradicionais festas de roça, onde imperam comidas feitas no fogão a lenha, sanfonas entoando canções típicas e salões decorados com bandeirinhas. Sem deixar de fora a dança da quadrilha (de origem francesa com a contribuição caipira), onde os marcadores comandando os passos da dança fazem com que damas e cavalheiros girem no salão ao anúncio do “Anavan,Anarriê”
Ao final, o que se observa é que todos – modernos ou conservadores – na “Grande Roda” desejam (ainda que por algumas horas) viver a ingenuidade tão distante de nossos dias.

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