sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Em tempo de festa do Padroeiro...


Coração em festa

Walnize Carvalho

O mês de agosto que chega.
O resgate de um agosto qualquer da remota juventude atravessou o dia. Dia de sexta.
Na memória, a ansiedade com que eu aguardava a chegada dos primos, que vinham do interior para a festa do padroeiro da cidade. Vinham na véspera do grande dia.
Como que fazendo contraponto com as batidas do meu coração, o relógio de parede da casa da vizinha batia tão alto e sempre às horas certas.
Um grito amigo ecoava na porta da casa: - Bota água do feijão! Era o código que a família (tios e primos) acabara de chegar.
Na bagagem, além de roupas e calçados novos, traziam doces caseiros (ainda quentinhos) em compoteira amarrada por toalha de saco alvinha e bordada com o dia da semana: SÁBADO. Cuidadosamente, o recipiente era guardado na cristaleira de casa para “depois do almoço” – sentenciavam os adultos.
E grande era a pressa de almoçar, saborear a sobremesa e, principalmente, passar o restante da tarde conversando, rindo e nos preparativos para o dia seguinte.
Seis de agosto. Seis da matina.
Éramos acordados com o sino de igreja distante. Saltávamos da cama e disputávamos o lugar na fila do banheiro para, após o café matinal participarmos de quase todos os eventos da Festa do Santíssimo Salvador.
E tudo começava pela manhã.
Primeira parada: Corrida de bicicletas onde assistíamos em frente ao“Balalaica” na Alberto Torres, aos velozes atletas. Em seguida, nosso destino era a Beira Rio para apreciarmos as Regatas. O remo ( um dos mais tradicionais esportes de nossa cidade) era um espetáculo à parte.
Retornávamos à casa para o almoço,um breve descanso e esperar que os adultos avisassem que poderíamos nos arrumar para o “segundo tempo” da Alegria.
Era tardinha. E lá íamos nós, rumo às festividades.
Nós, meninas, de saias plissadas, casacos com golas de lã, sapatos de saltinho “Luiz XV” e batom “Labatte” nos lábios. Nos olhos, um brilho de felicidade.
Como na parte da manhã, íamos a pé e de mãos dadas. O eco de nossas gargalhadas felizes corria pelas ruas como o vento sul que sempre se fazia presente nesta ocasião do ano.
Caminhávamos da Rua do Gaz até a Rua Sete. E nesta, a parada dos adultos para olharem as vitrines enfeitadas era obrigatória: calçados na Almeida, louças no Dragão, tecidos na Imparcial, o que aumentava a impaciência da meninada ávida em alcançar a praça.
Como a chegar em um oásis, avistávamos as torres da Catedral. Com sacos de pipocas à mão (os meninos com cataventos de papel e bandeirinha nacional) postávamos em frente ao templo para observar o encontro de amigos, ouvir as bandas de música, aguardar a procissão, extasiar com a apresentação da Esquadrilha da Fumaça sobre o Rio Paraíba e admirar a tão esperada queima de fogos.
Era a festa. Festa do Santíssimo Salvador. Festa do padroeiro da cidade.
E são estas fatias de ingênua felicidade que vieram dar sabor às minhas lembranças neste agosto de 2011.

3 comentários:

Anônimo disse...

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Ana Paula Motta disse...

Wal, hoje é tudo bem diferente ou melhor, acho que por não ter mais filho pequeno a festa ficou tão distante para mim.
Quando ele era criança ainda pode participar das regatas, corrida ciclística, procissão,festival do doce, ganhou aqueles brinquedos típicos da festa ( ratinho de papel, martelinho, balão de gás, etc.).

walnize carvalho disse...

É verdade, Aninha!
..."E por falar em saudade, onde anda você?..."