sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Risos


Walnize carvalho

O sol amanheceu rindo pra ela. Lembrou-se de que, em criança, sempre ria...sorria ... dava gargalhadas.
Quando, com a prima, que vinha à cidade para as festividades do padroeiro se reunia riam,riam.
Contava piadas, ria. Contava histórias, ria. Adolescente, não mudou nada. Ria com as colegas, dos professores, de tudo que eles falavam. Ria ao telefone. Ria de si mesma Ria dos outros e para os outros .
Adulta, ela continuava rindo. Na escola, já então professora, fazia quadrinhas humorísticas, ao fim de cada ano letivo ofertava- as aos colegas e funcionários.
Ria,riam todos .
O tempo foi passando com riso ou pouco riso, os anos escoavam.
Um dia, uma amiga comentou: “Quem ri demais provoca ruga em volta dos olhos”. .Olhou-se no espelho. Lá estavam elas,as rugas .Achou injusto que as pessoas alegres envelhecessem rapidamente .
Continuou rindo e filosofando: “Minhas rugas em volta dos meus olhos são alegria”.Mas, de vez em quando , se flagrava no espelho, olhando aqueles sulcos na face .Começou a rir frente ao espelho.Frente a frente, num duelo com o inimigo. Até que teve uma certeza. Uma certeza da qual não achava graça. Aquele semblante enrugado não era marca comum da idade. Era sua tristeza - sua imensa tristeza - escondida de todos e de si mesma com tanto afinco e cuidado durante toda a vida, que agora começava a aflorar.

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