
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Conto de Jardim: O Ano Novo

domingo, 27 de dezembro de 2009
Conto de Jardim: O Natal

Sua mãe tinha sido uma santa quando trouxe pra ela a responsabilidade por seus rapazes. O marido mais uma vez demostrou um carinho maior que qualquer outra pessoa, decidiu trabalhar menos e comprou aquele chalé no meio do nada.
A filhota, sua bonequinha, sua única companhia de segunda a quinta.
Os meses no campo tinham feito bem,estava mais gorda,é verdade, mas tinha a pele mais brilhante e os cabelos estavam compridos e sedosos. Voltou a gargalhar como antes.
Resolveu transformar a casinha num lugar mágico. O primeiro Natal longe do "mundo", cercada de neve, de vento, de casinhas simples. Uma aldeia, onde todos se conhecem e se cumprimentam com um bom dia.
Tricotou suas primeiras peças, uma meia para esperar o bom velhinho e um cachecol vermelho para sua pequena.
Forno quente, comida farta,presentes na árvore e um presépio singelo. Tinha tantos afazeres que nem viu a hora passar.
Anoiteceu cedo e nem sombra dos meninos e Ele. Um aperto no estômago trouxe de volta emoções que preferia esquecer.
Medo.
Penteou o cabelo da pequenina, pôs o vestido novo. Mesa arrumada, luzes piscando.Lá fora, só o vento.
Resolveu contar uma história, A Pequena Vendedora de Fósforos. Ficaram as duas ali absortas na tristeza da protagonista. Adormeceram abraçadinhas sob a manta xadrez.
Acordaram assustadas com uma lufada de vento gelado. Os homens da casa. Dez e meia da noite. Pai ao piano, risadas alegres. Os meninos encantados com o velho trenzinho deslizando nos trilhos embaixo da árvore. As antigas bonecas de porcelana traziam um brilho especial aos olhos da filha.
Correu para a cozinha, por pouco o rei da ceia não vira carvão. Respirou aliviada. Estava a salvo.
Sentou-se à mesa e sorriu, aos poucos tinha sua vida de volta.
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
Numa noite especial

Visita Natalina
Walnize Carvalho
Manhã de vinte e cinco de dezembro.
A menina não foi a primeira a se levantar, como de costume. Nem tão pouco a que procurou bem cedo seu presente no sapatinho ao lado da cama.
A mãe estranhou. Veio olhar. A garota ainda dormia.
Estava tão encolhidinha no canto. Parecia sentir frio. Como, se era verão?
Provavelmente sonhava. Derramava um leve sorriso no canto dos lábios. Os olhinhos andavam. Tremiam. Coisa própria de criança entregue ao sono.
As irmãs já haviam aberto seus presentes e nas poucas vezes que podiam ir à rua (a ocasião do Natal era uma delas) se preparavam para mostrar às colegas da vizinhança suas novas bonecas. Geralmente eram bonecas.
E ela? Porque demorava a se levantar, pois se foi a primeira a deitar-se na véspera, tamanha a ansiedade pela chegada do Papai Noel?
Papai Noel.
Findo o mistério.
A menina acordou.
Com ares de felicidade revelou para os pais que naquela noite viu quando o Bom Velhinho chegou.
Estava muito cansado. Aproximou-se dela.
Ao pé de sua cama sussurrou-lhe para que as irmãs não ouvissem:
_ Menininha, não conta para ninguém! Posso descansar aqui um pouquinho?
Ela permitiu. Encolheu-se para o canto e deixou que ele repousasse...
Obs.: Talvez para uns a história esteja incompleta...
Talvez para outros Papai Noel não exista...
Talvez para alguns o “sonho não acabou”.
Talvez...Talvez...
Bom Natal para todos!
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domingo, 20 de dezembro de 2009
Queria
Queria
Juro
que queria
Um Natal
Em que pudesse
Acreditar no Papai Noel!
Mas...
Com tantos espalhados
Em cada esquina da cidade?!...
Queria
Juro
que queria
Um Natal
Em que pudesse
Depositar meu sapatinho na janela
Mas...
Com ela toda gradeada?!...
Queria
Juro
que queria
Um Natal
Em que pudesse
Enfeitar árvore frondosa da praça
Mas...
Se ela foi ceifada
E
Não há mais o canto sonoro dos pássaros?!...
Queria
Juro
que queria
Um Natal
Em que pudesse
Sonhar com a neve
Mas...
Esta se derreteu junto com meus sonhos?!...
Queria
Juro
que queria
Um Natal
Em que pudesse
ser
O próprio presente
Na vida dos que me querem bem.
Queria
Juro
que queria
Um Natal
Em que pudesse
Achar
Que
Todos soubessem
Quem é o ANIVERSARIANTE
Desta grande Festa!
P.S. Clica na imagem, uma antiga e clássica história de Natal.
sábado, 19 de dezembro de 2009
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
O Natal já não é o que era...

Ana Martins , Luís Bento , Isa Silva , Nuno Gervásio , Vasco Catarino Soares
Nasci quase no Natal, numa terça-feira em 1966. Não é preciso dizer que as minhas festinhas de aniversário tinham como tema essa data. Cresci em meio a essas comemorações quase sinônimo uma da outra para mim.
Lembro-me de um bolo lindo,acho que nos meus cinco anos, em forma de trenó. Mas como em quase todos os meus aniversários, choveu muito e por pouco os convidados nem chegariam,enfim chegaram e me recordo do lindo trenó até hoje.
Tive uma infância feliz, dessas que não inspiram os tristonhos contos de Natal tradicionais, a data sempre foi mágica para mim. Escrevia cartinhas ao Papai Noel, que viria enregar os presentes comprados por meu pai (aqui em casa era isso que diziam),talvez por isso tivesse tanta certeza de ver meus desejos realizados.
Acreditei no bom velhinho até bem grande e me lembro de tê-lo visto algumas vezes,de relance da janela do escritório na casa de meus avós. Só quando eu já era adolescente soube que era meu pai num suéter vermelho que passava correndo, mas o que importava era a magia da coisa.
Tentei fazer com que os Natais fossem tão mágicos para meu filho,mas ele acreditou em Papai Noel por menos tempo,confessou que muitas vezes fingia acreditar para me agradar.
O Natal já não é o que era, não tenho mais avós, minha avó Bande que adorava a data e nos deixou numa manhã de 25 de dezembro,minha avó Anita que adorava castanhas e era minha companheira na hora de comê-las.
Vovó Bande eu seu peru recheado que virava uma roupa velha maravilhosa no dia seguinte, vovó Anita com sua bacalhoada de comer rezando, tia Genilce e o leitãozinho crocante com uma sabor especial.
Agora temos outras tradições, como as fantásticas rabanadas da minha irmã Cecília, meu presunto caseiro, o peru que a cada ano recheio de um jeito diferente, as invenções de bacalhau que Cecília faz como ninguém (tem o tempero igualzinho da vovó Anita!!) e o ponche natalino em versão com e sem álcool. Eu sou a decoradora "oficial" da família e minha irmã Isabella faz os embrulhos com carinho e paciência,sem falar no presépio que acompanha minha mãe desde antes do casamento e que mesmo com o desgaste do tempo tem lugar de destaque na nossa família.
Para as crianças da família, quem sabe, as referências seremos nós.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
100 mil acessos: Esse número merece uma comemoração!!!
Confesso que nunca nem sonhei que um dia chegaria ao número 100 mil. Estou feliz e ao mesmo tempo triste porque por falta de tempo esse meu cantinho querido tem ficado meio abandonado. Como recordar é viver, resolvi postar o meu primeiro texto. Agradecendo em especial aos primeiros comentariastas do blog e aos que são fiéis visitantes do Todos os Sonhos de Abril,desde 31 de julho de 2008. Obrigada.
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Constelação

Sobre a imensa cama, lençóis azuis, cor de anil.
Sobre a pele clara, vestes brancas. Transparentes. Sobre o móvel o livro “Estrela solitária”- a vida de Garrincha.
Relaxa o corpo, mente e coração. Alonga pernas e braços.
Das janelas abertas, um brisa suave atravessa o quarto.
A primeira estrela aparece no céu e vem espiá-la.
Cerra os ollhos.
E pensa: Há estrelas em toda parte: na pipa ao vento, nos brincos da moça, no brinquedo do menino, na camisa do time, no olhar do apaixonado, no brasão da bandeira, no champagne, na taça, na vela perfumada, no poema de Bilac, na música do Sílvio Caldas e mais... e mais...
Abre os olhos.
No céu, outras tantas estrelas já estão a fazer companhia àquela primeira.
E olhando no imenso espelho do seu quarto seu corpo em cinco pontas-cabeça, braços e pernas alongados – traje branco, lençol azul se vê a estrela do céu do seu mundo à parte.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Não mais

sonhar o impossível
sofrer o previsível
Não mais
aceitar firulas
ler intermináveis bulas
Não mais
decifrar manuais
querer tempos que não voltam mais
Não mais
achar que “beleza põe mesa”
ser indiferente à Natureza
Não mais
contracenar com amadores
que só valorizam suas dores
Não mais
preocupar com frivolidade
lamentar o correr da idade
Não mais
lutar por causas perdidas
futucar velhas feridas
Sim
mais e muito mais
saborear momentos felizes
traçar novas diretrizes
amadurecer com SABEDORIA
Pois é o bem de maior valia.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Quem somos e o que esperam de nós...

obediente
complacente
convincente
Tem que ser
crítica
apolítica
dogmática
Tem que ser
humorista
otimista
altruísta
Tem que ser
guerreira
pioneira
alvissareira
Tem que ser
antenada
plugada
conectada
Ah!
sociedade
controladora
dominadora
castradora
Sou
um
SER QUE TEM
despojamento
sentimento
e
no pensamento
uma enorme vontade de acertar ...
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Amanhecendo em flor

Amanheceu com fragmentos de poemas da Elisa Lucinda pipocando dentro do peito.
Ou seriam canções meio Rita Lee?
Que diz que toda mulher é meio Leila Diniz.
Assim meio arrebatada como um poema de Florbela,
ou um que de um romance de Jane Austin meio sem jeito
Sei lá, raiou um sol de segunda-feira.
Foi cantar flores no calor do dia...
Intensa como uma primavera tropical.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Constatação

definitivamente
é
impossível:
acumular
a dor
cultuar
o medo
desenterrar
a mágoa
resgatar
a saudade.
Se busco ser feliz,
definitivamente
é
impraticável:
adiar
projetos
postergar
desejos
retardar
alegrias
protelar
sonhos.
Se busco ser feliz,
definitivamente
é
imprescindível:
arquivar
O PASSADO
esperar
O FUTURO
E no espaço-tempo
vivenciar
O PRESENTE.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Coisas de menina

Chorar fora de hora.
Falar demais.
Lambuzar-se de chocolate amargo.
Brincar de boneca.
Sonhar acordada.
Soltar gargalhadas.
Fazer planos a curto,médio,longo e infinitos prazos.
Gostar de fazer surpresas.
Exagerar alegrias e tristezas.
Escrever poemas de amor.
Morrer de medo da dor.
Andar saltitando mesmo que seja segunda de manhã.
Acordar tarde demais,dormir de madrugada.
Cozinhar e esperar elogios.
Adorar vitrines de Natal.
Rezar pro anjo da guarda.
Achar que tudo vai dar certo, no final.
domingo, 15 de novembro de 2009
Peraltice

Walnize Carvalho
O menino travesso sorrateiramente entrou no porão da velha casa.
Seus olhos correram os cantos..Encontrou mofo e teias de aranha.
Remexeu baús.Deparou com fotos antigas,quinquilharias e papes de carta.
De repente, em seu olhar uma inusitada chama.Seus olhos pousaram em algo encantador: uma caixa redonda.Lembrou-se da Caixa de Pandora.
Abriu a tampa.
Dela saltou ,para susto e alegria,uma bonequinha de molas a lhe sorrir.
Correspondeu ao sorriso,afagou-lhe a face , brincou com ela.
Tirou a poeira dos seus sentimentos.
O menino travesso cansou da novidade.
Resolveu ir embora.
Tratou de fechar a tampa da caixa colorida.Não teve êxito.
O brinquedo semi-liberto não conseguia voltar para o seu mundinho anterior .
O garoto movido por pressa e tédio jogou a um canto,a distração.
Dos olhos da boneca-palhacinha duas lágrimas mágicas caíram...