sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Constelação


Walnize Carvalho

A mulher chega ao quarto.
Sobre a imensa cama, lençóis azuis, cor de anil.
Sobre a pele clara, vestes brancas. Transparentes. Sobre o móvel o livro “Estrela solitária”- a vida de Garrincha.
Relaxa o corpo, mente e coração. Alonga pernas e braços.
Das janelas abertas, um brisa suave atravessa o quarto.
A primeira estrela aparece no céu e vem espiá-la.
Cerra os ollhos.

E pensa: Há estrelas em toda parte: na pipa ao vento, nos brincos da moça, no brinquedo do menino, na camisa do time, no olhar do apaixonado, no brasão da bandeira, no champagne, na taça, na vela perfumada, no poema de Bilac, na música do Sílvio Caldas e mais... e mais...
Abre os olhos.
No céu, outras tantas estrelas já estão a fazer companhia àquela primeira.
E olhando no imenso espelho do seu quarto seu corpo em cinco pontas-cabeça, braços e pernas alongados – traje branco, lençol azul se vê a estrela do céu do seu mundo à parte.

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