Rústica
Eu q’ria ser camponesa;
Ir esperar-te à tardinha
Quando é doce a Natureza
No silêncio da devesa,
E só voltar à noitinha…
Levar o cântaro à fonte
Deixá-lo devagarinho,
E correndo pela ponte
Que fica detrás do monte
Ir encontrar-te sozinho…
E depois quando o luar
Andasse pelas estradas,
D’olhos cheios do teu olhar
Eu voltaria a sonhar,
P’los caminhos de mãos dadas.
E depois se toda a gente
Perguntasse: “Que encarnada,
Rapariga! Estás doente?”
Eu diria: “É do poente,
Que assim me fez encarnada!”
E fitando ao longe a ponte,
Com meu olhar cheio do teu,
Diria a sorrir pro monte:
“O cant’ro ficou na fonte
Mas os beijos trouxe-os eu…
Florbela Espanca - Trocando olhares
3 comentários:
Olá Ana Paula,
meu anjo, deixei no meu blogue um selo que quero que vás buscar. É um laço entre amigas.Fica bem.
Obrigada,linda.Vou buscar...
Olá Ana Paula,
espero que gostes do selo.
Gosto muito de Florbela Espanca. Aliás houve uma fase muito florbeliana na minha vida, de pois de ter perdido o meu pai.
Identificava-me muito com ela. Lia e relia os seus poemas e até cheguei a decorar um deles: "Castelã da Tristeza".
Tenho os poemas dela e a fotografia, que me foi oferecida por amigas.
Bom fim-de-semana
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