Uma sensação de sufoco por causa do calor fora de época ou por motivos menos climáticos.
O fim de tarde não trazia boas promessas ou um horizonte belo. O cinza da cidade se espalhava pela alma ou o cinza da alma nublava os olhos.
Um bando de andorinhas alardeava o verão fora de hora.
No meio da multidão, a sensação de não ser reconhecida por nenhuma daquelas caras de certa forma a confortava. Mas viu esse pequeno conforto ser ameaçado. Esquivava-se da cara conhecida, não queria abraços, beijos e – o pior- trocar palavras. Conseguiu escapar.
Respirou fundo e venceu a fumaça da comida de rua e dos veículos feito formigas atarantadas em fim de dia.
Venceu o medo, o enfado e procurou em vão as tais andorinhas. Decerto foram anunciar o verão em outra freguesia.
5 comentários:
A pressa em postar um comentário não me fez buscar o autor da frase"Para criar é preciso ser insatisfeito".Concordo com ela,pois nos momentos em que estamos mais vulneráveis conseguimos passar a dor sem máscaras!
Seu texto me passou esta exposição poética!
Walnize
Às vezes os textos parecem mesmos nervos expostos, para o bem e para o mal...
Espero que estas andorinhas venham anunciar o verão aqui, cansamos do frio e da ameaça da gripe...
Mas há dias assim, sentimo-nos sozinhos em meio a multidão, e é assim que queremos estar, por isso o desvio, o atravessar a rua se alguem ameaça este estado de solidão..
Gostei muito do texto!
Um abraço e boa semana
Obrigada pelos elogios,Sonia. Boa semana pra vc tb. O frio já voltou aqui.
Vemos o mundo exterior da cor do nosso interior e a cor com que vemos o exterior influencia o interior. Quando tudo está cinzento a questão é como quebrar o círculo.
Até breve.
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